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ESTUDO DA FIRJAN MOSTRA CRESCIMENTO DOS SETORES AERONÁUTICO E DE BEBIDAS

Para a presidente da Representação Regional da Firjan na Região Serrana, Waltraud Keuper, os dois setores destacados são considerados vocações do município. Ela atribui os dados do setor de bebidas ao crescimento do Polo Cervejeiro, tanto o das grandes empresas, quanto com o surgimento de um novo nicho de mercado que é o das cervejas artesanais. Já o aeronáutico, credita a presença da GE Celma, empresa especializada na revisão e manutenção de turbinas de aviões. 

Resgatando a história, Waltraud lembra que dez anos após a chegada dos imigrantes alemães, a cidade já possuía quatro cervejarias. Recorda ainda que a primeira fábrica de cerveja do Brasil, a Bohemia, foi instalada no município e até hoje segue em operação. Além disso, a presidente da Regional da Firjan destaca que é possível verificar que o mercado de bebidas continua crescendo com a presença de outras empresas e ressalta também a imersão em um novo mercado promissor: o das cervejas artesanais, que deve contribuir muito com o desenvolvimento da cidade nos próximos anos. 

Com relação à indústria aeronáutica, ela considera que a tradição da cidade se manteve, mas recebeu grande impulso com a privatização da Celma. “Com a chegada da multinacional GE em Petrópolis, a empresa conseguiu abrir novos caminhos e realizar contratos com as grandes empresas aéreas do mundo. Atualmente, continua expandindo e tem como vantagem trabalhar com exportação, não dependendo do mercado interno”, disse. 

Além disso, Waltraud acredita que tanto a GE Celma, quanto outras empresas encontraram em Petrópolis um terreno favorável em relação à força de trabalho. “Temos uma mão de obra qualificada e o Senai tem importante participação nisso, já que há mais de 70 anos forma profissionais que são aproveitados pelas indústrias do município”, comentou, acrescentando também a importância das universidades, como a Católica de Petrópolis que forma anualmente inúmeros profissionais na área de engenharia. “Outras faculdades abriram suas portas na cidade tornando propício o contínuo aprimoramento da mão de obra e fazendo com que Petrópolis possa se transformar no futuro em uma cidade-universitária e polo de expansão do mercado de trabalho, em um mundo aberto e competitivo”. 

Situação da Indústria, conforme aponta o estudo 

A Indústria de Transformação é a maior empregadora dentro dos subsetores do Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. A estatística mostra que ela emprega 72% dos trabalhadores na cidade, a Construção Civil emprega 20% e os demais (SIUP, Extração de petróleo e gás e Extração mineral), respondem por cerca de 8% da Indústria. Enquanto a Indústria de Transformação de Petrópolis responde apenas por 3,5% dos empregados do setor no Rio de Janeiro, mais da metade dos trabalhadores do estado da Indústria aeronáutica (51,8%) está concentrada na região. Os segmentos de Têxtil (19,8%) e Produtos diversos (11,0%) também possuem percentual de trabalhadores relevante para o estado. 

Para o especialista em Desenvolvimento Econômico do Sistema Firjan, Marcelo Nicoll, isso mostra que a cidade possui de fato uma vocação industrial. Por esse motivo, acredita que para os próximos anos é preciso que as esferas públicas – governo municipal, estadual e federal – tenham essa visão, para que possam estimular o desenvolvimento local, com investimento em infraestrutura e oferecendo condições para que as empresas se estabeleçam na cidade e consigam operar seu negócio, para continuar crescendo e gerando empregos. 

Durante o estudo Retratos Regionais, Marcelo verificou que além do setor aeronáutico e de bebida, a indústria do vestuário e de acessórios também apresentam um crescimento significativo desde 2010. Notou ainda que o cenário industrial da cidade é marcado por empresas de grande porte cercadas pelas de menor e médio. “No segmento, vimos também que há em Petrópolis maior proporção de empregadores com ensinos superior e médio, que oferecem uma capacidade de concorrência ainda maior”. O especialista observou também que a proporção de empregados da indústria em Petrópolis é maior que a do comércio o que, segundo ele, não é comum considerando o cenário nacional. 

As empresas que trabalham com exportação, como é o caso da GE Celma, também comemoram a alta do dólar. Com relação ao setor de Bebidas, Marcelo destaca que além de um lado estarem as grandes cervejarias atacando em um segmento específico, por outro existem as pequenas empresas atuando no nicho das cervejas artesanais, que vem crescendo nos últimos anos. 

Com relação às demissões, a indústria demitiu mais que contratou em 2015. Ao todo, foram perdidos 1.771 postos de trabalho. Marcelo atribui esse quadro à conjuntura econômica que o país vive e também à concorrência externa. Para o setor do vestuário, por exemplo, menciona um mercado que concorre com os produtos do Brasil, que é o chinês, vendendo peças por preços que aqui no país, não são suficientes para cobrir o custo da produção. 

GE contratou mais de 200 empregados em 2015 

O presidente da GE Celma, Julio Talon, informou que a empresa contratou mais de 200 novos funcionários no ano passado nas áreas de metal-mecânica e engenharia. Embora não tenha informado a faixa de salário desses novos funcionários, destacou apenas que são as praticadas pelo mercado. E há perspectiva de mais contratações para este ano. Segundo Julio, a empresa espera crescer o volume de produção, o que já está propiciando a abertura de novas posições de trabalho em Petrópolis. 

“Há 65 anos em Petrópolis, a trajetória da GE Celma está diretamente ligada ao desenvolvimento da cidade, seja investindo no treinamento de pessoas, valorizando mão de obra local ou gerando renda. Nos últimos 8 anos, a GE Celma destinou aproximadamente R$ 10 milhões a projetos sociais desenvolvidos no município, além da parceria firmada com o Senai local há mais de 30 anos para formação de mão de obra especializada”, comentou. 

Julio afirmou ainda que, alavancada pelo contínuo crescimento de suas exportações, a empresa vem batendo recordes no número de motores revisados anualmente. No ano passado, foram 393 unidades, o que representou um aumento de 10% na comparação com 2014 e a consequente contratação de novos funcionários. O serviço de revisão de turbinas é intensivo em mão de obra e depende de profissionais altamente qualificados. Sendo este o principal recurso para a competitividade da GE Celma. Por isso, a companhia investe continuamente na qualificação de seus colaboradores.

Fonte: Tribuna de Petrópolis

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