GRUPO METALMECÂNICO REALIZA VISITA À FÁBRICA DA BOSCH, EM CAMPINAS
A visita contou com a presença de representantes de seis sindicatos integrantes do GMM. Acompanhados de técnicos do Sistema FIRJAN, o grupo foi guiado pelo engenheiro industrial Tomas Rebouças, responsável por toda implantação e controle do programa na planta da Bosch Brasil em Campinas.
O Programa Lean começou a ser implantado pela empresa em 2002, aumentando gradativamente sua área de atuação em novas tecnologias. Em todo o mundo, a Bosch destinou cerca de 35 bilhões de euros nos últimos dez anos para pesquisa e desenvolvimento, e mantém um número crescente de patentes, a exemplo do motor flex.
Como pontos positivos da visita observados pelo GMM foram destacados o profissionalismo e conhecimento dos processos por parte do anfitrião, o convencimento da eficácia do processo produtivo, o tamanho reduzido do grupo, favorecendo a oportunidade a todos de questionamentos, e a possibilidade de conhecer sistemas de controle de produção em série e produção automatizada. Outro dado relevante é o fato da Bosch mundial ser uma Fundação desde 1964, onde a maior parte do lucro, mais de 90%, ser destinada à P&D e à sociedade – escolas, hospitais, distribuindo, tão somente, menos de 10% aos seus acionistas, ainda da família Bosch.
Na fábrica brasileira, há monitoramento diário dos processos produtivos, com controles de alta maturidade e apurados em conjunto em períodos pequenos de tempo, atualmente trimestralmente, mas com viés de alteração futura para mensal. O controle do padrão de qualidade é uma constante com ações corretivas às não conformidades. A medição é constante a fim de que haja a necessária reação rápida à deficiência localizada.
Um fator importante de redução de custos é a fabricação dos insumos necessários para a produção local ser produzida nessa mesma planta, reduzindo o custo de logística a zero e agilizando o processo como um todo.
O controle do tempo de produção de cada colaborador é claramente definido e calculado prevendo a ausência de um, dois ou mais profissionais de um mesmo setor, de forma a se estimar a produção diária.
Na ocasião, o Grupo visitou uma linha de motores para ABS, ao lado do módulo de fabricação de ABS, que é benchmarking mundial no Bosch Production System (BPS). Essa área possui somente cerca de 100 m2, com uma linha de produção que permite três combinações de operadores – 3, 4 ou 5 e mais um supervisor, com proporcional redução no tempo de ciclo.
A ‘auditoria cruzada’ como forma de correção da eficácia dos processos foi observada em diversos setores da fábrica, ou seja, gestores de outras áreas auditando áreas diversas das suas.
Também foi observado que os colaboradores de chão de fábrica são sempre convidados a participar do pensamento de melhorias processuais junto aos seus gestores, contribuindo com suas experiências do dia a dia.
Como fatores de sucesso foram verificados: processos eficientes e eficazes, o desenvolvimento progressista de recursos humanos, a independência financeira, a força inovadora da equipe técnica, a qualidade e confiabilidade dos produtos produzidos, a presença global da empresa e, principalmente, a visão estratégica de gestão.
Programa ‘Lean Manufacturing’
O conceito do Programa surgiu a partir de um engenheiro da Toyota, no Japão, após a 2ª Guerra Mundial, que tomou a frente das operações de manufatura de automóveis.
Inicialmente a empresa possuía a visão, tão somente, da área de produção. Hoje define-se o Lean Business System como a filosofia Toyota aplicada a todas as dimensões dos negócios de uma organização.
O objetivo maior do Programa é a adoção da mentalidade enxuta como filosofia operacional, alinhando, na melhor sequência, as ações que criam valor, realizando atividades sem interrupção e de forma eficaz, ou seja, fazer cada vez mais com cada vez menos. Também é uma forma de tornar o trabalho mais satisfatório e de eliminar desperdícios.
Para o maior sucesso dos resultados da implantação do Programa é preciso que o conceito seja aplicado em todas as áreas da empresa, compras de insumos, fabricação, vendas, finanças e recursos humanos, dando prioridade aonde houver maior quantidade de desperdício e oferecendo a essas respectivas áreas oportunidades de melhorias, com impactos relevantes sobre a equação do negócio, sempre numa visão de conjunto.
Uma das maiores dificuldades de êxito do Programa é, certamente, a necessária mudança de cultura, que deve partir da interpretação de que a direção da empresa conduza a situação.
É preciso esclarecer que apesar dessa filosofia ter surgido em uma grande empresa, aquelas de pequeno porte também podem se beneficiar, uma vez que esse conceito não está vinculado a escalas de produção e ou setores da economia. Trata-se, portanto, de uma proposta de mudança de mentalidade, voltada para qualquer porte de empresa que produza qualquer tipo de produto, visando, sempre, à satisfação total do cliente, sem que ele tenha que pagar por falhas e desperdícios que ocorrem durante os processos envolvidos em sua fabricação/manuseio, possibilitando, dessa forma, contínuo aumento de competitividade.
A Bosch
Em 2014 o Grupo Bosch comemorou 60 anos de Brasil e mais de 150 anos de sua criação. Uma história de sucesso que começou no Brasil em 1954 na cidade de São Paulo.
Atualmente o Grupo Bosch emprega no país cerca de 8.900 colaboradores com faturamento de cerca de R$ 4,4 bilhões. Em toda a América Latina emprega aproximadamente 9.500 colaboradores com faturamento de R$ 5 bilhões e em todo o mundo 306 mil colaboradores espalhados em 264 unidades com 52 bilhões de euros de faturamento em 2013. A Europa responde por cerca de 57% das vendas, a Ásia por 24% e as Américas por 19%.
A Bosch tem como missão “suportar as organizações de fabricação gerando ganhos de produtividade, qualidade e confiabilidade com produtos, métodos e ferramentas inovadoras”.
No Brasil, a empresa concentra suas atividades principalmente na oferta de produtos automotivos para montadoras e para o mercado de reposição, tais como motor de partida e alternadores, bem como ferramentas elétricas e equipamentos de sistemas de segurança.
O rol de produtos fabricados no Brasil é mais extenso, incluindo diversos outros insumos além dos citados, bem como equipamentos ferramental, aquecedores, utensílios eletrodomésticos, fiação, cabos, acessórios de jardinagem e de medição eletrônica, dentre outros.